“OFERTAR A VIDA COM RADICALIDADE”
LER
Mateus 14,1-12
“Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista” (Mt 14,8).
A cena da cabeça de João Batista entregue num prato é o símbolo de um mundo que rejeita a verdade. João foi fiel até o fim, mesmo diante da perseguição e da morte. Sua vida nos convida à coragem profética: falar a verdade, mesmo quando ela incomoda. Hoje, muitos ainda desejam calar as vozes que denunciam o erro e anunciam o Reino. Jesus nos chama a ser essas vozes, no deserto do medo, da indiferença e da mentira. Não podemos ceder ao silêncio por conveniência. Que nossas escolhas revelem integridade e fé. Ser cristão é aceitar perder status, conforto ou até a vida, mas nunca a verdade. João morreu decapitado, mas permaneceu inteiro diante de Deus. E nós, o que temos colocado no prato?.
(Pe. William Santos Vasconcelos – Diretor Espiritual).
MEDITAR
- O que eu tenho colocado no “prato” da minha vida?
- João deu a vida pela verdade. E eu? O que estou disposto(a) a perder para permanecer inteiro(a) diante de Deus?
COMPROMISSO
Ser verdadeiro em minhas palavras e atitudes, mesmo quando isso me custar aceitação. (escreva no seu Diário espiritual).
LEITURA ESPIRITUAL
Ai de mim! Ainda hoje, todos os dias, é derramado sangue inocente ao nosso redor.
Celebramos a Eucaristia todos os dias, mas todos precisamos recuperar o valor de oferta de nós mesmos implícito nestas palavras de Jesus: «Isto é o meu corpo, oferecido por vós; este é o cálice do meu sangue, derramado por vós» (cf. Mc 14,22-24).
Com demasiada frequência, nestes últimos quatro anos, temos encontrado, na comunidade cristã ou na sociedade argelina, homens e mulheres que saíam de manhã para seus locais de trabalho ou voltavam para casa à noite, assumindo corajosamente um risco semelhante ao de “corpo oferecido e sangue derramado”.
E isso porque essas pessoas se recusavam a ceder a uma pressão contrária à sua consciência e queriam permanecer fiéis às suas obrigações cotidianas, apesar dos riscos.
E o que dizer, ainda mais doloroso, daqueles que devem aceitar os mesmos riscos, não por si mesmos, mas por causa da vida de algum vizinho, do marido ou esposa, de um irmão ou irmã, de um filho ou filha?
A oferta da própria vida feita por Jesus torna-se então, para nós cristãos, sinal e modelo das muitas “paixões” infligidas aos inocentes pelos conspiradores da violência.
Que valor de verdade coletiva assume então a Eucaristia diante das desordens atuais do mundo, presentes em tantos países, especialmente no continente africano!
Jesus viu crescer a oposição ao seu redor porque sua liberdade interior colocava em risco as tradições religiosas de seu povo.
Permaneceu fiel a si mesmo. Não poderia agir de outro modo, se não quisesse trair a si próprio.
Essa religião “em espírito e verdade” era, de fato, o seu próprio ser. Também ela nasceu do mesmo amor por seus irmãos que o levaria a entregar-se totalmente, como expressa o discurso após a ceia:
«Pai, que o amor com que me amaste esteja também neles» (Jo 17,26).
Felizmente, há vidas que se oferecem sem o derramamento de sangue.
No entanto, entre o sacrifício de Jesus e as ofertas da nossa vida cotidiana existe uma continuidade.
A celebração eucarística da oferta de si mesmo, aceita por Jesus, nos arrasta em seu movimento interior de “entrega ao Pai e aos irmãos”.
É aqui que nasce a Igreja “em espírito e verdade”, que manifesta o mundo novo, cuja plena vinda antecipamos ao provar o seu sabor no compartilhamento do pão do Reino e na vivência da comunhão com Cristo e com todos os irmãos.
Contudo, essa nova criação é um dom de Deus para todo o povo, pois é uma oferta feita a todos os homens “com os meios que Deus conhece”.
(H. Teissier, Accanto a un amico, Magnano, 1998, pp. 41 e 44ss).
Bom dia para você e sua família!
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