“SABER CUIDAR”
LER
João 19,25-34
“Mulher, este é o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe” (Jo 19,26).
No Evangelho, Jesus nos convida a buscar uma maneira de viver a comunhão com Ele, pois não nos deixará sozinhos. O caminho proposto é o de nos conectarmos e cuidarmos uns dos outros, especialmente nos momentos de dor e sofrimento. Em uma época marcada pelo distanciamento e individualismo, Jesus nos chama a um caminho de comunhão, onde o outro é visto não apenas como alguém a ser cuidado, mas como uma extensão de nossa própria vida. O modelo do amor-cuidado tem como referencial o amor materno: um amor sólido, que não é interesseiro, mas incondicional, assim como o amor de Deus para conosco.
(Pe. William Santos Vasconcelos – Diretor Espiritual).
MEDITAR
- Em qual sentido o texto é provocante?
- Como tenho exercido o cuidado com as pessoas que fazem parte com meu convívio?
LEITURA ESPIRITUAL
Na plenitude do tempo, o Pai enviou o seu Filho nascido de uma mulher; o texto de São Paulo, porém, acrescenta um segundo envio: «Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: “Abbá! – Pai!”» (Gal 4, 6). E a Mãe, também no envio do Espírito, é protagonista: o Espírito Santo pousa sobre Ela na Anunciação (cf. Lc 1, 35); depois, nos primórdios da Igreja, desce sobre os Apóstolos reunidos em oração «com Maria, a Mãe» (At 1, 14). Assim, o acolhimento de Maria trouxe-nos os dons maiores: «tornou o Senhor de majestade nosso irmão» (Tomás de Celano, Vita seconda, CL, 198: FF 786) e possibilitou ao Espírito gritar nos nossos corações: «Abbá – Papá». A maternidade de Maria é o caminho para encontrar a ternura paterna de Deus, o caminho mais próximo, mais direto, mais fácil. Este é o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. Com efeito, é a Mãe que nos conduz ao início e ao coração da fé; esta não é uma teoria nem um empenho pessoal, mas um dom imenso, que nos faz filhos amados, moradas do amor do Pai. Por isso, acolher na própria vida a Mãe, não é uma decisão de mera devoção; é uma exigência de fé: «Se queremos ser cristãos, devemos ser marianos» (S. Paulo VI, Homilia em Cagliari, 24/IV/1970), isto é, filhos de Maria.
A Igreja precisa de Maria para descobrir o seu próprio rosto feminino: para se assemelhar ainda mais a Ela que, como mulher Virgem e Mãe, representa o seu modelo e figura perfeita (cf. Lumen gentium, 63); para abrir espaço às mulheres e ser geradora através duma pastoral feita de cuidado e solicitude, paciência e coragem materna. Mas, o próprio mundo precisa de olhar para as mães e as mulheres a fim de encontrar a paz, escapar das espirais da violência e do ódio, voltar a ter um olhar humano e um coração que vê. E toda a sociedade precisa de acolher o dom da mulher, de cada mulher: respeitá-la, protegê-la, valorizá-la, sabendo que, quem fere ainda que seja uma única mulher, profana Deus, nascido de mulher.
Maria, a mulher, assim como é decisiva na plenitude do tempo, também o é para a vida de cada um; porque ninguém melhor do que a Mãe conhece os tempos e as urgências dos filhos. Demonstra-no-lo mais uma vez um «início»: o primeiro sinal realizado por Jesus, nas bodas de Caná. Lá, é precisamente Maria que Se apercebe da falta do vinho e assinala o caso ao Filho (cf. Jo 2, 3). São as carências dos filhos que A movem a Ela, a Mãe, a instigar Jesus a intervir. E, em Caná, Jesus diz: «“Enchei as vasilhas de água”. Eles encheram-nas até acima» (Jo 2, 7-8). Maria, que conhece as nossas necessidades, apressa também o transbordamento da graça para nós e leva as nossas vidas rumo à plenitude. Irmãos, irmãs, todos nós temos falhas, solidões, vazios que pedem para ser preenchidos. Cada um de nós conhece os seus. Quem poderá preenchê-los senão Maria, Mãe da plenitude? Quando sentirmos a tentação de nos fecharmos em nós mesmos, acorramos a Ela; quando não conseguirmos desembaraçar-nos por entre os nós da vida, procuremos refúgio n’Ela. Os nossos tempos, vazios de paz, precisam duma Mãe que congregue a família humana. Fixemos Maria para nos tornarmos construtores de unidade, fazendo-o com a sua criatividade de Mãe, que cuida dos filhos: reúne-os e conforta-os, escuta as suas penas e enxuga as suas lágrimas. Olhemos aquele ícone tão terno da Virgo lactans [da Abadia de Montevergine]! A Mãe é assim: com quanta ternura cuida de nós e permanece junto de nós. Cuida de nós e permanece ao nosso lado.
(Papa Francisco, Homilia do Papa Francisco, 01/01/2024).
COMPROMISSO
Quais são as pessoas que preciso ter um cuidado especial?
(escreva no seu Diário espiritual).
Bom dia para você e sua família!
Comentários
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