SÃO JOÃO DA CRUZ
“RECONHECER DEUS NA SIMPLICIDADE DOS ACONTECIMENTOS”
LER
Mateus 17,10-13
“Maria partiu apressadamente” (Lc 1,39).
No Evangelho, Jesus nos revela que Elias já veio, mas ninguém reconheceu, e isso também pode ser entendido no cotidiano de nossa vida. Podemos muitas das vezes buscarmos respostas claras e evidentes para os nossos dilemas existenciais, contudo, as soluções podem vir de forma sutil, através de pessoas, situações ou momentos inesperados. O convite aqui é o de não deixar passar as pequenas “transfigurações” que acontecem no nosso dia a dia. É preciso estar atento, pois Deus se revela nas nuances da vida, naqueles momentos simples que muitas vezes desconsideramos
(Pe. William Santos Vasconcelos – Diretor espiritual).
MEDITAR
- Como Deus está falando comigo através deste texto?
- O que Ele quer me dizer sobre a minha disposição para aceitar os Seus sinais, mesmo quando eles não são como eu espero?
CONTEMPLAR
Pense em como você se sentiria ao ouvir que as transformações que Deus propõe não acontecem de forma grandiosa ou imediata, mas muitas vezes de maneira discreta, através de pessoas e eventos que podem ser rejeitados pela sociedade.
COMPROMISSO
Tente identificar algo em sua vida que você tem evitado ou rejeitado, algo que possa ser uma “mensagem de Deus” para sua transformação. (Escreva no seu diário espiritual).
LEITURA ESPIRITUAL
Elias é o homem de vida contemplativa e, ao mesmo tempo, de vida ativa, preocupado com os acontecimentos do seu tempo, capaz de se lançar contra o rei e a rainha, quando eles mandaram matar Nabot para se apoderarem da sua vinha (1Rs 21,1-24). Quanta necessidade temos de crentes, de cristãos zelosos, que ajam diante de pessoas que desempenham responsabilidades de dirigentes, com a coragem de Elias, para dizer: “isto não se deve fazer! Isto é um assassínio!”. Precisamos do espírito de Elias. Deste modo, ele mostra-nos que não deve haver dicotomia na vida de quantos rezam: está-se perante o Senhor e vai-se ao encontro dos irmãos aos quais Ele envia. A prece não é um fechar-se com o Senhor para mascarar a alma: não, isto não é oração, uma oração assim é fingida. A oração é um confronto com Deus e um deixar-se enviar para servir os irmãos. A prova da oração é o amor concreto ao próximo. E vice-versa: os crentes agem no mundo depois de terem, primeiro, silenciado e rezado; caso contrário, a sua ação é impulsiva, desprovida de discernimento, é um correr ofegante sem meta. Os crentes comportam-se assim, cometem tantas injustiças, porque não foram primeiro rezar diante do Senhor, discernir o que devem fazer.
As páginas da Bíblia sugerem que também a fé de Elias progrediu: ele cresceu na oração, aperfeiçoou-a pouco a pouco. Para ele, o rosto de Deus tornou-se mais nítido ao longo do caminho. Até atingir o seu ápice naquela experiência extraordinária, quando Deus se manifestou a Elias no monte (1Rs 19,9-13). Ele manifesta-se não na tempestade impetuosa, não no tremor de terra nem no fogo devorador, mas no «murmúrio de uma leve brisa» (v. 12). Ou melhor, uma tradução que reflete bem aquela experiência: um fio de silêncio sonoro. É assim que Deus se manifesta a Elias. É com este sinal humilde que Deus comunica com Elias, que naquele momento é um profeta fugitivo que perdeu a paz. Deus vai ao encontro de um homem cansado, de um homem que pensava ter falhado em todas as frentes, e com aquela brisa leve, com aquele fio de silêncio sonoro faz voltar ao seu coração a calma e a paz.
(Papa Francisco, Audiência geral, 07/10/2020).
Bom dia para você e sua família!
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Ops...
Você precisa estar autenticado para enviar comentários.