A importância da Direção espiritual para a vivência cristã, o crescimento e amadurecimento da fé.
Antes de tudo precisamos diferenciar o que é a direção espiritual, o sacramento da reconciliação/confissão e o aconselhamento pastoral.
Muitas vezes confundimos sacramento da reconciliação e direção espiritual. No sacramento da reconciliação, o pecador experimenta o amor de Deus que reconcilia: “Deixai-vos reconciliar com Deus”. Pela absolvição sacramental do sacerdote, Deus concede ao penitente “o perdão e a paz” (2 Cor 5,20).
O aconselhamento pastoral é uma ajuda mais pontual, centrada na pessoa e não nas estruturas. Tem como objetivo fornecer apoio emocional, espiritual e prático para as pessoas, lidando com questões espirituais ou relacionais, usando princípios e ensinamentos da fé em um período mais curto, sem necessidade de uma continuidade.
A direção espiritual é um caminho longo a ser percorrido por todo homem e mulher de fé, buscando luzes e sinais com alguém que possa contribuir com o nosso crescimento humano-espiritual. Ela nos possibilita fazer um encontro pessoal com Cristo.
Percorrer um caminho espiritual, envolve todo nosso ser humano-afetivo-sexual-social, pois “tem a ver com o homem todo, nas circunstâncias de sua vida, por mais simples que sejam” , de forma que os passos a serem percorridos nos fazem ouvir a voz do Mestre e consequentemente nos impulsiona para um crescimento interior. Este crescimento interior é a dinâmica de uma abertura do nosso eu para o conhecimento de si mesmo e da nossa verdade. É, ainda, fazer o itinerário de experiência do Mistério Pascal, “até que cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, o homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4,13).
A prática da direção espiritual não é um caminho exclusivo para quem deseja ser padre, religioso(a) ou seminarista, mas sim para todas as pessoas que desejam viver sua fé de maneira mais comprometida: batizados, jovens, casais, viúvas e outras vivências. Ainda mais, a direção espiritual requer, antes de tudo, uma atitude de humildade, “virtude pela qual o homem se conhece a si verdadeiramente” trançando um percurso básico e processual que nos ajuda a refazer caminhos em uma proximidade com o Senhor, a ser vivenciado rotineiramente, porque é um processo evolutivo de transformação do nosso SER, pelo qual vai aflorando aquilo que em nós foi impresso no espírito pela ação misericordiosa de Deus: “Imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de escrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão o meu povo”. (Jr 31,31-34).
Pe. William Santos Vasconcelos.
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[1] Catecismo da Igreja Católica, n. 1424.
[2] FRANÇA, Cícero Alves de, Direção espiritual e aconselhamento pastoral. Aparecida-SP: Editora Santuário, 2021. p. 87-89.
[3] MERTON, Thomas. Direção espiritual e meditação. Pretopólis-RJ: Vozes, 2022. p 22.
[4] Bernardo de Claraval: http://www.hottopos.com/rih28/139-148Bernardo.pdf.
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